sábado, 29 de janeiro de 2011

Dor constante


- Olha, você não precisa transformar isso tudo em dor constante.
- Você fala como se eu pudesse tirar minha dor, como se fosse uma peça de roupa no meu corpo...
- Está vendo, você complica. Quero saber de você e saber que estás bem e feliz. Feliz meu bem!
- Ah, feliz! Há tanto tempo não sei o que é...
- Sem dramas, você sabe, que te preciso. Mas, eu tenho minha vida e você a sua.
- É. Você tem sua vida e eu tenho a minha, que é você.
- Teremos nossos dias amor.
- Espero. (Mais?)

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Morrendo aos poucos



- O ciúmes me corta, me atravessa inteira.
Mas, me mata saber que não faz sentido senti-lo.
O que me mata é pensar que não sou eu quem o tem.
Não sou eu. E não me mata de uma vez.

sábado, 22 de janeiro de 2011

Espero-ansiosa



- É desesper(o)-ançoso não te ver.
E anima-(a)-dor te ouvir dizendo que também sente saudades.



Me sentisse tão tão dele






"[...] Como ter mentido que estava dormindo naquela tarde, apenas para ter ficado mais tempo com ele, longe do mundo, longe, em outra estação. E quando eu o vi na varanda, comendo chocolate, senti tanta ternura, naúsea de ternura, que fazer com ela? Que fazer se no momento em que eu me sentisse tão tão dele, ele quisesse fugir tão rápido dos meus olhos, do meu alcance, das minhas mãos? Para quê você veio, então, se iria embora assim? Uma rua coberta de poesia, e depois? E depois, e depois, e depois, este é o refrão desse jazz chato e desafinado. Celebre o momento, os encontros, a vida, Luísa, ele me disse enquanto eu segurava as lágrimas, antes que ele se fosse. Não sou boa em celebrar, sou bem melhor no sofrimento que na alegria. E que adianta enganar-se um pouco, se o que vem depois é o nada mesmo? Meu amor batendo nas pedras do teu silêncio. Que adianta viver em teus dias, se eu não te sinto mais tão em mim? E ele disse que nos encontraríamos depois e depois e sempre. E depois? Sempre já acabou?”

(Do moleskine de Luísa. Sem data – Cadernos de Luísa, Vanessa Souza Moraes)

O cheiro, o cheiro, o cheiro


"[...] Ele, que tinha aquele jeito de Pequeno Príncipe, vezenquando tão doce, me afagando com suas palavras. Pequeno Príncipe de cabelos louros revoltos e olhos tão tão azuis. Quanta perversidade escondem esses olhinhos azuis, disse eu, tanto tempo depois que havia dito: dilacerante. Como podia, como podia aquele garoto de cabelos bagunçados, All Star velhos – sim, concordo com sua mãe, deveriam estar no lixo esses tênis – e camiseta ter me doído tanto? Não, você não ligou porque sentiu saudades, ligou porque está tendo um ataque de ciúmes, disse-me ele, naquela tarde, semanas depois de dizer que eu era seu sono perfeito, naquela praia. Como é possível que tudo seja tão sublime e desabe, assim, concomitantemente? Como é possível sentir o amor a aquecer o corpo, e tão breve depois, sentir a raiva, o medo, a ansiedade, aquela vontade de dormir e dormir e dormir para esquecer os dedos dele passando pelo meu rosto,
as doces palavras sussurradas ao ouvido esperei-tanto-por-este-momento-meu-amor, o cheiro, o cheiro, o cheiro...
[...]"






(Do moleskine de Luísa. Sem data – Cadernos de Luísa, Vanessa Souza Moraes)

Que esta palavra seria uma profecia


“Dilacerante. Foi essa a primeira palavra que eu disse para ele. Eu disse para ele? Ou eu disse e ele ouviu e depois eu perguntei, tempos depois, o que ele havia visto em mim, na primeira vez. Ele disse algo assim, alguém havia dito alguma coisa naquela festa e você balbuciou: dilacerante. O que você viu em mim? Perguntei novamente. Alguém que precisava ser olhada, para além do seu rosto. Foi exatamente isso que ele disse? Não lembro exatamente, deve ter sido. Pode ser uma invenção minha, quem sabe. Preciso inventar novos diálogos, que se sobreponham aos antigos, já corroídos pela traça do esquecimento. Dilacerante. Mal sabia, naquela época, que esta palavra seria uma profecia auto-realizadora para mim, que aquele garoto-homem iria ser tão dilacerante na minha história... [...]"

(Do moleskine de Luísa. Sem data – Cadernos de Luísa, Vanessa Souza Moraes)

domingo, 16 de janeiro de 2011

Reticências...


Como um escoteiro perdido na mata, como um marinheiro perdido no mar, como um cientista que desconhece sua própria criação, é assim que eu me sinto com relação a meus sentimentos.Não sei pra onde vou, não sei onde eu fico, não sei se sigo em frente, não sei se deixo como está...

Não sei, não sei, não sei...

Talvez o medo de cometer os mesmos erros , de voltar para estrada que eu prometi não mais trafegar, esteja fazendo eu me bloquear para aquilo que mais tem me proporcionado equilíbrio, porque em meio a essa maré agitada, você tem sido minha calmaria

São dúvidas, medos, traumas, receios... Todavia me sinto bem, calmo, tranqüilo, em paz, à vontade pra tudo que possa vir a acontecer, mesmo que não seja como eu almejo, ter sua companhia supera todas as incertezas.

É como saber que mesmo em uma noite nublada, minha estrela está lá a brilhar.

Mesmo com todas essas interrogações, eu vou prosseguindo deixando reticências, ao natural, o que tiver que ser, será...

Nicolas Schulter.