quarta-feira, 15 de junho de 2011

Despedida




Tudo o que sobrevive a sua partida me dói. Doem as pernas, a carne, os ossos;
dói o sol, que insiste em acariciar a minha pele, e iluminar, iluminar, iluminar;
doem os dias, as horas e as horas mortas dos dias, que são quase todas;
doem os carros que atravessam o sinal verde e me dão sustos que me levam ao chão.
Celular, chaves, livros e bolsa espalhados. Eu espalhada. O asfalto de janeiro. O asfalto banhado por uma água insistente. É que essa chuva; é que essa vida; é que essa eu.
E essas folhas que se movimentam lentamente e brotam; e essas árvores que estão florindo; e toda essa inútil beleza.

Não pára de chover e: a cidade enche; as ruas enchem; e eu agarrada as suas palavras,
como um náufrago,
que
não
acredita
em
terra firme,
resisto.



-Daniela Lima

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