quarta-feira, 15 de junho de 2011

'E o que estou fazendo de minha vida? Ela deveria ser vida somente com a sua.'





É o que rezo todos os dias
Antes da espera fez-se prece, interminável
Sussurrada ao alcance de seus ouvidos
Cada gesto distante é feito em procura de ti
E as risadas buscam sentido em rostos alheios
O impulso que nos faz apertar os pulsos
São os mesmos pulos a esmo
Ou talvez tudo se faça sentido
Quando planeja-se juntos os mesmos caminhos
Então simplesmente caminhamos juntos
Gratificação não por segurar forte a saudade, isso também
Mas por saber que todo pequeno momento lado a lado
Vale tão a pena quanto qualquer distância solitária
Impossível sim viver sozinho, talvez o resto seja mar
Talvez amar seja o que tenha restado
Talvez o mar saiba menos que nós, por isso não é ruína
Quem sabe somos o restante de todo martírio
Talvez nos resolvamos um ao outro
Dessa maneira, somos a resposta
Por fim, deixe as sobras para trás




-Ana A.


Resto um nome de bruma
no meu eterno cansaço.

Restou um tédio de cinza
no meu todo de silêncio.

Tanta triteza no meu sono imenso...



(Hilda Hilst, in: Baladas)




- Minha voz cai no abismo do teu silêncio.


C.Lispector

Despedida




Tudo o que sobrevive a sua partida me dói. Doem as pernas, a carne, os ossos;
dói o sol, que insiste em acariciar a minha pele, e iluminar, iluminar, iluminar;
doem os dias, as horas e as horas mortas dos dias, que são quase todas;
doem os carros que atravessam o sinal verde e me dão sustos que me levam ao chão.
Celular, chaves, livros e bolsa espalhados. Eu espalhada. O asfalto de janeiro. O asfalto banhado por uma água insistente. É que essa chuva; é que essa vida; é que essa eu.
E essas folhas que se movimentam lentamente e brotam; e essas árvores que estão florindo; e toda essa inútil beleza.

Não pára de chover e: a cidade enche; as ruas enchem; e eu agarrada as suas palavras,
como um náufrago,
que
não
acredita
em
terra firme,
resisto.



-Daniela Lima

segunda-feira, 13 de junho de 2011












“Confesso que ando muito cansado, sabe? Mas um cansaço diferente… um cansaço de não querer mais reclamar, de não querer pedir, de não fazer nada, de deixar as coisas acontecerem. Confesso que às vezes me dão umas crises de choro que parecem não parar, um medo e ao mesmo tempo uma certeza de tudo que quero ser, que quero fazer. Confesso que você estava em todos esses meus planos, mas eu sinto que as coisas vão escorrendo entre meus dedos, se derramando, não me pertecendo.Estou realmente cansado.Cansado e cansado de ser mar agitado, de ser tempestade… quero ser mar calmo. Preciso de segurança, de amor, de compreensão, de atenção, de alguém que sente comigo e fale: “Calma, eu estou com você e vou te proteger! Nós vamos ser fortes juntos, juntos, juntos.” Confesso que preciso de sorrisos, abraços, chocolates, bons filmes, paciência e coisas desse tipo. Confesso, confesso, confesso. Confesso que agora só espero você.”

- Caio Fernando Abreu.

- Quem sabe passa hoje aqui pra devolver as coisas que são minhas - meus momentos bons.


Gabito Nunes








Não lembro mais qual foi nosso começo. Sei que não começamos pelo começo.
Já era amor antes de ser. Por enquanto estou inventando a tua presença.
Que medo alegre, o de te esperar.


-Lispector