domingo, 12 de fevereiro de 2012

Desci as escadas, era só mais uma chuva de verão.
Daquelas que chegam sem avisar e se vão sem você se dar conta.
Mas, não. Ela perdurou a noite toda, o dia inteiro seguinte, mais uma noite e mais um dia.
Em casa, "de molho" pensei. Um apartamento no alto e ao meio de tantos se torna grande quando se está sozinha.
Pela janela as luzes mostram outras solidões, umas acompanhadas, outras forjadas, mas cada uma em seu quadrado de paredes.
É nessa hora que você pega o telefone na tentativa de preencher o vazio.
Mas o vazio maior é que eu não tinha um número para discar.
Bobagem! Um número eu tinha, vários até. Afinal, para que servem as chamadas de emergência?
O maior problema é não ter o seu número.
Mais uma vez virei para o lado, escorei na janela e olhei a chuva. A chuva tem uma beleza triste.
Vi as luzes, a cidade imensa. Poderia ser a sua cidade.
Você poderia estar em alguma daquelas solidões. Você poderia.
E eu não poderia pensar tantas coisas em uma sexta-feira chuvosa.
Eu não poderia, mas aguentava firme.


-Rízia Luiz

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