sábado, 22 de janeiro de 2011

Me sentisse tão tão dele






"[...] Como ter mentido que estava dormindo naquela tarde, apenas para ter ficado mais tempo com ele, longe do mundo, longe, em outra estação. E quando eu o vi na varanda, comendo chocolate, senti tanta ternura, naúsea de ternura, que fazer com ela? Que fazer se no momento em que eu me sentisse tão tão dele, ele quisesse fugir tão rápido dos meus olhos, do meu alcance, das minhas mãos? Para quê você veio, então, se iria embora assim? Uma rua coberta de poesia, e depois? E depois, e depois, e depois, este é o refrão desse jazz chato e desafinado. Celebre o momento, os encontros, a vida, Luísa, ele me disse enquanto eu segurava as lágrimas, antes que ele se fosse. Não sou boa em celebrar, sou bem melhor no sofrimento que na alegria. E que adianta enganar-se um pouco, se o que vem depois é o nada mesmo? Meu amor batendo nas pedras do teu silêncio. Que adianta viver em teus dias, se eu não te sinto mais tão em mim? E ele disse que nos encontraríamos depois e depois e sempre. E depois? Sempre já acabou?”

(Do moleskine de Luísa. Sem data – Cadernos de Luísa, Vanessa Souza Moraes)

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