sábado, 22 de janeiro de 2011

O cheiro, o cheiro, o cheiro


"[...] Ele, que tinha aquele jeito de Pequeno Príncipe, vezenquando tão doce, me afagando com suas palavras. Pequeno Príncipe de cabelos louros revoltos e olhos tão tão azuis. Quanta perversidade escondem esses olhinhos azuis, disse eu, tanto tempo depois que havia dito: dilacerante. Como podia, como podia aquele garoto de cabelos bagunçados, All Star velhos – sim, concordo com sua mãe, deveriam estar no lixo esses tênis – e camiseta ter me doído tanto? Não, você não ligou porque sentiu saudades, ligou porque está tendo um ataque de ciúmes, disse-me ele, naquela tarde, semanas depois de dizer que eu era seu sono perfeito, naquela praia. Como é possível que tudo seja tão sublime e desabe, assim, concomitantemente? Como é possível sentir o amor a aquecer o corpo, e tão breve depois, sentir a raiva, o medo, a ansiedade, aquela vontade de dormir e dormir e dormir para esquecer os dedos dele passando pelo meu rosto,
as doces palavras sussurradas ao ouvido esperei-tanto-por-este-momento-meu-amor, o cheiro, o cheiro, o cheiro...
[...]"






(Do moleskine de Luísa. Sem data – Cadernos de Luísa, Vanessa Souza Moraes)

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