sexta-feira, 21 de maio de 2010

Suco de melancia

Fim de tarde. Cansada como sempre. Mas não tão cansada pra passar na lanchonete da esquina, aquela colorida, que a Aninha trabalha de balconista. Além de matar minha fome, ainda coloco o papo em dia. Pronto, cheguei.
Ah, cadê a Aninha?
Eu sempre me esqueço que uma vez por semana a coitadinha tira folga.
Sento no banquinho em frente o balcão, debruçada, praticamente me deito no balcão e peço o de sempre. Apesar de gostar de mudanças, meu lanche é tão gostoso. Vai ele mesmo.
Com muita preguiça e quase não acreditando, do outro lado do balcão, visão divina. Penso se é o sono que esta me fazendo ter alucinações. Levanto a cabeça, puxo a blusa, arrumo as costas, sim. Ele é real. Primeiro: Cabelos pretos escorridos até o ombro, barba mal feita, olhos miúdos, sorriso charmoso, rosto lindo para mim.
Segundo: Minha cara deve estar igual de uma criança quando vê um pirulito enorme na vitrine da padaria.
Terceiro: Eu acordo.
Finjo não notar a presença dele, mesmo depois de tantas expressões que condenariam qualquer um por encantamento.
Meu lanche chegou e com ele, meu fabuloso, e de sempre, suco de melancia.
Tento me concentrar na minha fome e no objetivo principal de estar ali.
Já era tanto esforço, ele me olhou. Talvez foi por simples distração, para olhar em volta, mas não deixou de ser lindo, de ser para mim.
Vejo outro suco de melancia, dessa vez é pra ele. Perfeito. Minha alma gêmea na lanchonete.
Ah, meu Deus, o lanche chegou ao fim, hora de ir embora. Uma pena!
Paguei a conta, me vou feliz. Afinal, o fim de tarde não foi tão comum.
Ouço gritos...(Moça, moça...o seu casaco!)
Me viro, e sim! Era ele.

(Human - Nerina Pallot)

2 comentários: